Tempos Brancos: Uma Poética Sobre a Memória
"O som do nosso próprio nome é a memória mais antiga que temos, associada a experiências afetivas da infância. O ar e a falta dele são ondas formadas pela maneira de como este som chega até a gente: assim, podemos chamar de empírico o conhecimento adquirido na estadia no útero. O que importa é que ali, tanto quanto no mar, a água é o fio condutor de uma linha tênue entre vida e morte. O prazer de equilibrar-se nesta linha é o que precede o mergulho profundo no mistério do viver; este movimento produz outro... O dos sentimentos e suas memórias. Clara é a protagonista e nos convida a visitar seu cérebro e viajar na sua, nas nossas mentes. Claramente uma convergência de memórias entre a mente clara e o que clara mente. Sim... Porque são muitas, mas como se diz... Quem conta um conto aumenta um ponto e este, somado a imaginação com interpretação, resulta em cena! A cena para Clara é uma guria e seu olhar. Quem será?"
O espetáculo “Tempos Brancos – Uma poética Sobre as Memórias” faz parte do projeto Palavra Coreografada, desenvolvido por Berê F. Souto na cidade de Pelotas/RS . A obra foi inspirada no texto “Tempos Brancos” de autoria da coreógrafa (texto este selecionado no curso do conhecido autor Celso Sisto). Dentro de um cenário completamente branco, o público é convidado a sentar-se ao redor das histórias que a personagem Clara traz à cena através de dança, texto falado e projeções, rememorando e embaralhando momentos que a compõem, ora envolvendo neles o próprio público, ora encontrando a si mesma em momentos diferentes de sua vida, em um natural encontro de tempos pessoais. A poética das memórias mescla-se assim ao motivo do próprio ato de esquecer e relembrar, aludindo à construção do todo de uma história pela rememoração pessoal e parcial de fragmentos, lançando linhas ao público para que, entre os flashes da mente de Clara, encontre e recomponha também em suas gavetas suas histórias.